
Quando você deve rejeitar uma crítica?
Atualizado: 24 de jun. de 2020
Em situações profissionais nas quais você está prestando serviços ou vendendo seu roteiro para produtoras/players, o cliente poderá fazer críticas negativas. Caberá a você executar as alterações conforme solicitado.
Não é desse tipo de situação que se trata esse texto.
Quero tratar aqui de situações de aprendizado nas quais o roteirista iniciante recebe críticas negativas de roteiristas mais experientes, colegas, professores, em cursos, serviços de consultoria, faculdades, pós etc.
Paira no ar a sensação de que o roteirista iniciante não pode descartar críticas negativas, sugestões ou conselhos dos mais experientes. E que ele não pode nem mesmo argumentar. Deve simplesmente aceitar se quiser que sua carreira avance.
Ao descartar o feedback de quem tem mais anos de estrada, o iniciante estaria cometendo um erro, sendo "apegado", "teimoso", "imaturo".
Isso não é verdade.
Saber lidar bem com críticas negativas não significa ter que aceitá-las.
Roteiristas iniciantes que lidam BEM com críticas usam o próprio senso crítico para avaliar se o feedback faz sentido ou não (e descartam caso não faça).
Roteiristas iniciantes que lidam MAL com críticas aceitam cegamente todo e qualquer feedback ruim, descartando o próprio senso crítico em troca da validação alheia.
Você não será um roteirista melhor porque sempre altera o seu roteiro de acordo com críticas negativas e sim porque assume a responsabilidade pelo seu roteiro, decidindo quando aceitá-las e quando descartá-las.
Como lidar bem com críticas sobre o meu roteiro?
1. Pense exclusivamente na possibilidade de melhora do seu roteiro.
2. Ouça a crítica friamente.
3. Se a crítica for pertinente, você perceberá uma clareza na mente e a ficha cairá imediatamente. Melhore o seu roteiro.
4. Se a crítica não for pertinente, ela cairá como um "ruído" para você, como algo totalmente fora do lugar que tiraria a harmonia da sua história. Descarte.
5. Jamais terceirize o seu senso crítico. Ele deve ser o seu norte tanto em relação ao seu roteiro quanto em relação ao caminho que você escolhe para entrar no mercado audiovisual.
Lembre-se: você não tem que escrever como Fulano, Beltrano ou Ciclano. Você tem que escrever como você porque é na sua autenticidade que reside a sua maior força como roteirista.
Leda Ene
Roteirista